segunda-feira, março 03, 2008

a carne / é fraca.




O ácido queima a carne

a carne ofende a raça

a raça não tem mais nome.


O fim não tem mais ponto

a guerra não tem mais como

e o menino

virou homem.


Por estatística,

já cresceu.

Na metafísica,

desfaleceu.


A roupa que cobre:

tênue linha entre desespero

e a ilusão de viver.


Ser humano virou meio,

Metade mesmo-

quando descobriu a bomba

a cocaína

e as palavras usadas

como lanças envenenadas na ponta.


O movimento ameaça, mas, veja:

é só um menino

E o menino queria ser gente.


Atravessou a rua,
pisou na lua,

chorou a inexprimível dor

e no canto escuro deitou-se

até secar

oxidar.


Fez-se esperar algumas horas.

O resto

era silêncio

e história.


Porque a dor da guerra me queima o estômago.

3 comentários:

Anna Clara disse...

por que a dor das tuas palavras me deixa com a boca amarga.

Anna Clara disse...

o teu cinza é mais bonito do que o meu Cá.

foi rápido o suficiente? :)

Soyer disse...

Tudo isso pra suportar a vida.