quarta-feira, outubro 22, 2008

O que escrever num cartão postal

É difícil manter o corpo e a mente no mesmo lugar.
O passado cria limo, e tornar àlgum lugar que não é mais nosso faz escorregar e segurar em quebradiços cipós.
Reluto a encontrar o lugar onde eu me encaixe: parece que sempre que vou embora consigo ver que não, aquilo não era pra mim.
Não entro mais nas roupas que cabia, não cantarolo Alegria e não me vejo onde se não longe. Vínculo é uma palavra difícil de definir quando não se sabe o que fazer com ele.

A contradição se traduz na própria sorte, mas o que dizer do Natal quando não se come peru, as crianças não correm e a música é russa? Parece uma espera pelo próximo ano, pelas canções esperançosas, pela maravilhosa pessoa que seremos. Andar para frente. Sorrir de lado a lado. Deixar para trás. Apontar direções com palavras, como se as vogais fossem flechas.

O esôfago pode se romper e contaminar os órgãos. Portanto, não contenha o vômito. Mesmo se for de emoções.

"A primavera está cinza mas acredito que dentro de dez dias os pessegueiros trarão a alegria adocicada que esperamos. Os rastros do outono resumem-se na melancolia dos sorrisos, de forma que será difícil um sorriso caloroso, então acostumo-me a perguntas tendenciosas com hálito de guacamole."

segunda-feira, outubro 13, 2008

O conforto como uma sub categoria da felicidade

(me desagrada ler textos com pontuaçao incorreta ou deficiente, entao sem problemas que eu entendo o drama da leitura do meu blog)

A felicidade, no senso comum, pode ser generalizada como a satisfaçao pòs-coito.
Para mim, felicidade variàvel parece permanentemente quase-atingida, com aquela sensaçao de que hà algo mais a fazer.
A rotina cremosa faz sulcros delicados na cartilaginosa memòria: està tudo aqui? Esperando por algo mais, os olhos fazem manobras para espiar o que seriam as outras possibilidades, mantendo a falsa postura de contentes e bem-alimentados. Os desvios que fazemos, exibindo-nos como se efetuàssemos manobras radicais, sào apenas os mesmos da ùltima vez: é arriscado fugir além do campo delimitado para os fugitivos.

Um cara toca saxofone na praça e a divina comèdia humana tranforma a libertaçao em vadiagem, o amor em putaria e a confiança em burrice. Confiar em quem além do porteiro e do cobrador? A traiçao é iminente? A descentralizaçao das nossas idéias confere a terceiros decisòes e palpites que qualquer terapeuta desaconselharia. Dou à luz uma estrela pulsante e minhas entranhas procrastinam a acostumar-se sòs.

A mùsica sempre diz algo que eu gostaria de ter criado, mas eu falho e maldigo o momento em que desafiei minha competencia e conferi a culpa de meus maus momentos de erupçao mental a nada além de mim mesma.

é o conforto de escrever com os dedos, e nao com a cabeça, que enche d'àgua os pulmoes.

é preciso querer bem mais pra continuar acordando e segredar à vida que um dia nasceu là fora, que é a cotovia que canta e nao o rouxinol.

Tenho que enxergar bem mais para encontrar o caminho ao oftalmologista.
Precisamos sentir que podemos mas nao queremos chorar.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Desejo solùvel

O tempo passa.
(apalpa, apalpa, apalpa. Suspiro)
é, parece que nao tem nada de diferente.