Faz anos que nossas vozes nao se tocam, mas ainda assim salivo com o gosto de nossas discussões na memòria.
quarta-feira, setembro 17, 2008
sexta-feira, setembro 05, 2008
Não se esqueça de alimentar os peixes
No hospital o dia-a-dia é sempre igual. Chega gente, sai parente, troca turno, acaba o mundo e a surpresa do final nunca é um kinder ovo. A enfermeira leva a sopa, a camareira troca a roupa e sanado o problema o hóspede deixa o hospital ou o hospital se encarrega do hóspede. Minha mãe ficou amarela e o hospital veio até ela. No carro grande mal cabem dois, perguntei se podia ir e a mãe respondeu que
-Não, hospital tem cheiro de morte. Não esquece de alimentar os peixes.
Nunca mais fui buscá-la.
Comi toda a comida dos peixes.
Fiz um presente que não pude entregar.
Dentro do abajur de papel, os vagalumes estao mortos há anos. Não tenho coragem de jogar fora, parece que a mãe tá junto.
Com o que sobrou do que eu uma vez senti.
Regurgitado por Cá às 19:19 1 comentários